Qualidade
de Vida
Podemos constatar uma relevante produção de estudos
científicos acerca do aumento da expectativa de vida, talvez, influenciada, em
parte, pela força das mídias que destacam o fator da autonomia, saúde e
direitos conquistados nos últimos tempos, como também pela busca da população
em assegurar uma melhor qualidade de vida na terceira idade.
Existem diversos conceitos associados; segundo Neri
(2000), a referência mais forte é a experiência subjetiva de qualidade de vida,
representada pelo conceito de satisfação. Nesse contexto, é instigante pensar a
trajetória humana: pensar em por que algumas
pessoas veem essa fase como “fim da linha”, contabilizando as perdas obtidas ao
longo da vida, enquanto outras vislumbram novas possibilidades que essa
realidade traz, a fim de continuarem
inclusas e participantes ativas da sociedade à qual pertencem.
Ao observarmos as
manifestações culturais daqueles que envelhecem na contemporaneidade,
identificamos mudanças significativas de hábitos, imagens, crenças e termos
utilizados para caracterizar esse período da vida.
De acordo com o Grupo de Qualidade de Vida da
Organização Mundial de Saúde, a qualidade de vida é definida como “a percepção
do indivíduo da sua posição na vida, no contexto de sua cultura e dos sistemas
de valores da sociedade em que vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações” (PARENTE, 2006, p. 19).
A Teoria da Programação Genética sustenta que o
envelhecimento advém de uma sequencia normal de desenvolvimento programado dos
genes. Entretanto, a programação genética sozinha não pode explicar tudo, caso
contrário, todos os seres humanos morreriam na mesma idade. Com isso, Papalia
(2006) entende que os fatores ambientais interagem com os fatores genéticos.
Segundo Teixeira (2004) as condições de vida e as
oportunidades que os sujeitos desempenham ao longo da vida influenciam
diretamente no envelhecimento saudável do idoso, pois, para este, velhice é
fruto da trajetória social exercida pelo indivíduo desde o nascimento.
Segundo Berger (2003), muitos adultos de meia idade
melhoram seus hábitos de saúde, diminuindo o consumo de comidas gordurosas e de
bebidas alcoólicas, bem como ao uso de drogas ilícitas e tabaco, fatores estes
considerados prejudiciais à saúde, com isso refletindo uma mudança histórica em
nossa sociedade. Berger (2003) considera que, se todas as pessoas de 40 anos
comessem melhor, se exercitassem mais e não fumassem, a maioria desse grupo
viveria pelo menos 80 anos e muitos poderiam, até mesmo, chegar aos 100
(BERGER, 2003).
O envelhecimento é um processo que acompanha o ser
humano a vida toda. Transformações físicas, cognitivas e sociais acabam
causando impacto e perturbando o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. A
qualidade de vida está relacionada a diversos fatores psicossociais, como
família, educação, cuidados com a própria saúde, alimentação, prática de
atividade física e, principalmente, com a motivação e iniciativa da própria
pessoa.
Não podemos negar que, no decorrer do processo de
envelhecimento, ocorre um declínio cognitivo; são comuns queixas relacionadas
ao esquecimento. Em particular, habilidades como a memória podem vir a
apresentar déficits. Assim, a estimulação da cognição torna-se importante para
a promoção da independência e autonomia do idoso.
As relações sociais são de fundamental importância
para a qualidade de vida do idoso, pois ameniza a solidão e pode motivá-lo a
hábitos saudáveis. Estar ativo tanto em ocupações profissionais ou de lazer
podem influenciar no bem estar psicológico e aumentar a satisfação com a vida.
Erickson, citado por Papalia (2006) diz que à medida
que o fim da jornada se aproxima, as pessoas tomam consciência da mortalidade e
podem examinar suas realizações e seus fracassos. Algumas pessoas se desesperam
com a proximidade da morte, enquanto outras encontram vontade de concluir
tarefas inacabadas; assim, encontram um sentimento prazeroso de proximidade,
demonstrando maior integridade do ego.
Ao fim desta pesquisa, concluímos que o envelhecer
provoca inevitáveis mudanças físicas, psicológicas, cognitivas e sociais. Essas
mudanças ocorrem em etapas, que podem ser reavaliadas a cada momento e serem
encaradas de forma positiva, visando uma melhor qualidade de vida. Pergunta-se:
o que é qualidade de vida? Essa resposta vai depender de cada individuo, pois,
o conceito de qualidade de vida varia de pessoa para pessoa, de acordo com seu
contexto social, suas experiências, suas escolhas, e de sua capacidade de
resiliência, ou seja, da forma como cada um encara e se adapta às mudanças
decorrentes do envelhecimento.
(Trechos do Artigo Científico de Ana Claudia Talarico e Patricia Macário)